Resenha: As Vinhas da Ira de John Steinbeck
Olá leitores!
A resenha de hoje é uma releitura de outra que fiz no comecinho do blog, sobre o romance As Vinhas da Ira de John Steinbeck.
Sobre o autor:
John Steinbeck (1902-1968) construiu um lugar significativo na literatura americana como um escritor compromissado com as questões de seu país. Trabalhadores, pessoas comuns e os dramas sociais que os cercam sempre foram o tema de sua literatura. O autor escrever sobre a consciência americana e tornou-se célebre por seus textos de teor social e pela delicadeza com que tratou temas difíceis, como a pobreza durante a depressão dos anos 1930. Um dos grandes escritores do século XX, destacou-se com dois cobiçados prêmios literários concedidos em todo o mundo: o Pulitzer e o Nobel. Em 1940, a adaptação de As Vinhas da Ira para o cinema, estrelada por Henry Fonda, rendeu ao filme Cinco indicações ao Oscar.
Sobre a obra:
O clássico que valeu o Prêmio Pulitzer a John Steinbeck permanece como umdos arquétipos da cultura norte-americana. Agraciado também com o Nobel de Literatura, o autor retratou o homem moderno diante das dificuldades, a pobreza e a privação em um universo hostil, protagonizado por vítimas da competição e párias sociais.
Este livro representa o confronto entre indivíduo e sociedade, através da epopeia da família Joad, expulsa pela seca dos campos de algodão de Oklahoma, para tentar a sobrevivência como boias-frias nas plantações de frutas do vale de Salinas, na Califórnia. Ao mesmo tempo que denuncia os dramas e flagelos de um país debilitado pela Grande Depressão dos anos 1930, Steinbeck defende o conceito de que o indivíduo isolado nada vale, e a sobrevivência só é possível quando existe solidariedade entre os semelhantes.
Minha opinião:
Apesar de estarem habituados a lidar com o fenômeno climático que eram as grandiosas tempestades de areia, também chamadas de Nevascas Negras (este fenômeno foi resultado direto da ação do homem sobre o ambiente e atingia as grandes pradarias dos Estados Unidos, espalhando o desespero e o caos por onde passavam na forma de enormes nuvens negras de poeira) os arrendatários não estavam preparados para o ávido capitalismo, que lhes expulsariam das terras onde moravam.
A poeira misturara-se ao ar como se formassem um só corpo; era uma emulsão de ar e de poeira. As casas foram fechadas e trapos, enfiados nas frestas das portas e das janelas, mas a poeira penetrava de maneira sutil, uma poeira fina que não se via e que se assentava qual pólen nas mesas, nas cadeiras, nos pratos de comida. (trecho do livro)
Assim, estes moradores das regiões rurais que viviam de forma tranquila sem patrões e produtores de seus próprios alimentos, se vêem de repente frente a um futuro incerto, cercados pela exploração injusta do trabalho, a qual era praticada pelas mãos e pela intransigência dos próprios seres humanos, além de sofrerem com a falta de uma moradia (ainda que modesta) e do alimento diário necessário para sobreviver. Tudo isso, ocasionou-lhes uma devastação não apenas física, mas também moral.
O livro nos mostra uma busca infelizmente frustrada, onde a ira é o sentimento que se apodera das famílias em êxodo, quando percebem que foram atraídos para uma falsa promessa de vida melhor, onde a exploração do homem pelo próprio homem, alcança terríveis índices de injustiça social, violência moral e física e que toma o lugar da esperança, transformando-a em desespero e culminando na luta silenciosa das greves, não já por melhores salários, mas, acima de tudo, pelo próprio alimento básico e vital.
Caminhamos porque somos obrigados a caminhar. É o único motivo por que todos caminham. Porque querem alguma coisa melhor do que têm. E caminhar é a única oportunidade de se obter essa melhoria. Se querem e precisam, têm que ir buscar.
A leitura deste romance despertou-me uma sincera compaixão pelas dificuldades dos trabalhadores imigrantes e uma grande admiração pela força de vontade, caráter e a coragem com que estes lutavam para conseguirem viver e não perder seus valores humanos até o fim de mais um dia de dificuldades e provações. Ao retratar as dificuldades de um povo sofrido e miserável, o autor me fez repensar meus próprios valores dentro da sociedade e minhas atitudes e queixas perante a vida. Com certeza vale muito a leitura!
Abraços e até o próximo post!

3 recadinhos
Esta postagem ficou linda! Já falei antes e falo de novo.. vc deveria ser professora de literatura!!
ResponderExcluirOi Evelene, obrigada!Vontade não me falta, porém acho que ainda preciso me aprimorar mais e fazer a pós-graduação em Estudos Literários. Um super beijo!
ExcluirOi Idianara. Reli ontem esse magnífico artigo e acabei me inspirando e publiquei três contos que tinha escrito a tempos. Gostaria que lesse e desse sua opinião, por favor. Beijo e sucesso! Aliás, podíamos tentar uma Pós em Literatura e Crítica literária, o que acha?
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